sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uma noite em 67

No meu último fim de semana no Rio, fui com meus pais assistir Uma noite em 67. O filme é imperdível, do tipo "tem que ver de qualquer jeito" e "vou comprar o dvd assim que sair", por vários motivos:

- Eu gosto muito de saber sobre o momento de criação da arte. A história da música e do que inspirou seu compositor e/ou autor, a história de um quadro, de uma escultura... Adoro mesmo isso. Não é à toa que li de uma sentada só o Chico Buarque - Histórias de Canções e sempre que posso revejo O Mistério de Picasso. E esse filme mostra histórias de músicas que não são quaisquer músicas, são músicas importantíssimas que marcaram época.

- Não é um filme romântico, ou seja, não é nostálgico e nem mostra o festival e seus participantes como sendo sempre extremamente militantes e politizados. O diretor do festival, por exemplo, fala que acima de tudo era um programa de TV, e que ele estava preocupado com a audiência. E o Chico diz que um dos motivos de ele não ter participado do movimento tropicalista foi que, nas reuniões, ele sempre estava bêbado e nunca lembrava do que era discutido!

- O filme, em si, é muito bem feito. Há filmes em que a história é boa, mas o filme é mal produzido. Não é, definitivamente, o caso desse. Tem um equilíbrio bem legal entre os depoimentos, as imagens e entrevistas da época, as músicas... Enfim, perfeito.

Bom, eu poderia fazer uma lista com um milhão de motivos, e ainda assim não seria capaz de expressar a beleza do filme em toda sua plenitude. Saí inebriada da sessão, e fiquei debatendo o filme com meus pais durante longas horas. Eles têm memória disso, assistiam pela TV e me contaram tudo o que lembravam da época... que inveja.

E, por falar em inveja, uma reação inevitável ao sair da sessão é a nostalgia. Costumo não gostar de pessoas que engrandecem o passado, com aquela velha frase "na minha época...", como se alguma época de fato tivesse sido boa. Me policio bastante, inclusive, para não ter reações desse tipo.
Mas não teve jeito. Você vê na platéia do festival jovens, até crianças, cantando a plenos pulmões aquelas músicas, todo o movimento estudantil da época, o engajamento das pessoas e a fé de que elas poderiam sim fazer alguma diferença... e compara com nossos queridos jovens de hoje, que são fãs de Justin Bieber e Crepúsculo. Não dá pra não sentir uma tristeza.

Bom, agora o que eu mais quero é comprar o livro A Era dos Festivais: Uma Parábola (que foi uma fonte importante para o filme), para saber mais e mais sobre o assunto. E, claro, o DVD - assim que for lançado.

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