quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre o cuidado com a Língua



Não, não é dessa língua que está na nossa boca que eu estou falando, não. Ela também precisa de cuidados, mas isso acho que todo mundo sabe, né? Higiene, essas coisas. Assim ela pode trazer bastante diversão pras nossas vidas, agora chegando o dia dos namorados, então...

Mas a língua a que me refiro é a nossa Língua Portuguesa. A mim impressiona muito ver o descaso crescente com a escrita correta de textos, sejam simples mensagens de 140 caracteres no twitter, trabalhos de qualificação de mestrado, meros bilhetes, lembretes ou algo do gênero.

Tenho a seguinte teoria: não interessa o rigor da ferramenta onde você escreve, o rigor deve ser aplicado à sua fala e à sua escrita. Não é por estar escrevendo um post num blog pessoal, falando sobre trivialidades, onde o texto não é necessariamente sério, que você pode se descuidar da escrita. A linguagem coloquial é apenas coloquial, não errada e descuidada.

Preciso deixar claro o seguinte: não estou dizendo que todos somos obrigados a saber tudo e não se pode cometer um único erro, afinal errar é humano e tem coisas difíceis mesmo (pra mim, o uso do porque / por quê / porquê - não entendi até hoje isso!). Agora, o que somos obrigados sim é a querer aprender, querer corrigir, saber escutar!!

Já ouvi as mais diversas desculpas para textos errados, as mais comuns dizendo respeito à falta de tempo para revisar. A última foi numa qualificação: ao ser questionado sobre os erros no seu trabalho entregue à banca, o mestrando saiu com essa de que escreveu com pressa e, por isso, não deu pra escrever corretamente. Ah, pera lá!! Mentira!! Ninguém entrega um trabalho para uma banca sem o mínimo de noção sobre como o escreveu. Isso pra mim equivale a dizer "não ligo a mínima pra construção do texto, só para a minha pesquisa e olhe lá!". Não era melhor dizer que vai ser mais cuidadoso numa próxima vez?

Outra situação ridícula: a funcionária de uma empresa onde eu trabalhava redigiu uma carta pedindo a "adiação" do vencimento de uma duplicata. Eu peguei, li, e falei pra fazer outra porque não existia aquela palavra, o correto seria "adiamento" ou "prorrogação". Sabe qual foi a resposta dela? "Ah, mas não dá pra entender? Dá pra entender, posso mandar essa mesmo? Tô com preguiça de fazer outra". Imagina uma coisa dessas!!

Como eu disse antes, a gente tem o direito de errar sim, mas uma vez sabendo que está errado, bora corrigir o erro, tentar melhorar! E há situações, como uma carta profissional, em que não dá pra errar de jeito nenhum, sob o risco de um cliente receber o comunicado e pensar: "naquela empresa não sabem nem escrever, que dirá me atender da maneira que eu quero", e sabemos que isso acontece sim - eu mesma penso assim. Pode ser, por exemplo,
um excelente professor, mas se fala "seje" o tempo todo, a primeira coisa que me passa à cabeça é que, se o sujeito não sabe nem falar bem, não sabe filosofia ou psicanálise, e ponto.

Uma outra situação onde não admito erro é ao ler reportagens feitas por órgãos de imprensa: sites, jornais, revistas e afins. O produto deles é a notícia, e o instrumento é a língua. Um jornalista não escrever corretamente, não saber fazer uso exato da língua equivale, para mim, a um taxista saber o caminho, mas não saber dirigir bem o carro. O mínimo que se espera desses profissionais é que lidem bem com seu instrumento, certo?? O mesmo vale para o pesquisador, mestrando, doutorando. Muito cuidado, gente, isso interfere diretamente no valor do seu texto.

Eu sei que pode parecer exagerado, mas tratando-se de erros de português sou bem xiita mesmo, sempre fui, rsrs.

Beijos!


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Você está certíssima!! Um coisa que anda me irritando muito ultimamente é a "epidemia do gerundismo". Meu Deus, até meus professores estão falando assim! E isso me irritaaa!! Acredita Lívia, que a 1 mês mais ou menos, fui fazer uma entrevista para uma vaga de Treineer, e a recrutadora não parava de falar desta maneira horrorosa..." Vamos estar começando a entrevista em 10 minutos, para assim a gente(hã?)estar podendo adiantar o processo". Eu estava com uma TPM daqueelas e não me aguentei e falei: "Nossa, o vício do gerundismo chegou até as multinacionais". Já sabe que não fiquei nessa empresa né?rs...E sabe que empresa é essa com esse tipo de profissional trabalhando no recrutamento? A Samsung!! Pois é... Se a escrita anda mal, comece a observar os vocabulários nas ruas!!rsrs...

    Beijoooooooos e adorei o post!

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