segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Seriedade

Hoje cedo eu estava relendo um livro do Milan Kundera que continha um trecho assim:

"Procurava sempre fazer distinção entre o sério e o não-sério, e enquadrava sua carreira de professor na categoria do não-sério. Não que a profissão de professor em si mesma fosse desprovida de importância (...), mas a considerava fútil em relação à essência de sua pessoa. Não a escolhera. Essa profissão lhe fora imposta pela pressão social (...). Compreendia no entanto que sua profissão fazia parte dos acasos de sua vida. Que iria colar-se à sua pele como um bigode postiço que se presta ao riso.
Mas, se uma coisa obrigatória é uma coisa não-séria (que se presta ao riso), o sério é sem dúvida aquilo que é facultativo."

Não pude deixar de relacionar com uma imagem muito legal que vi ontem. Fui à Abertura do Carnaval Não-Oficial do Rio de Janeiro, que aconteceu na Praça XV, centro histórico do Rio. Ver o pessoal bêbado, fantasiado, pulando e cantando nas escadarias e arredores daqueles prédios tradicionais foi, no mínimo, inusitado:












Confesso que ontem eu não sabia explicar muito bem o motivo de eu achar essas imagens tão interessantes, só ficava lá, no meio, olhando fascinada e com um sorriso no rosto. Hoje o livro me ajudou a entender o meu encantamento.
Sério é o carnaval. Burocracia, formalidade, política, história, monumentos, economia... nada disso é sério. E com os blocos de carnaval ocupando esse espaço, isso ficou bem mais evidente.
Me dei conta (dei-me é muito feio) também que eu sou o tipo de pessoa que fica filosofando sobre o carnaval.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Em 2011 eu quero

Confesso que acho uma baboseira essa coisa de fazer listas de resoluções de ano novo. Mas hoje acabei, sem querer, listando mentalmente algumas coisas que eu gostaria de fazer no próximo ano.
Aí achei que seria bom deixar por escrito, melhor ainda publicamente, para dar certa concretude aos meus planos e, quem sabe, aumentar as chances de que sejam seguidos. Coisa simples, nada de mais. Vamos lá:

1) Ser uma pessoa mais saudável:

Hoje sou praticamente uma ameba sedentária que se alimenta de carboidratos e gordura. É sério, eu canso se subir três degraus, e como basicamente 1% de frutas, 10% de legumes e o restante de porcaria. Ah, e quase não bebo água. Às vezes (umas duas vezes na semana) como dois hot dogs às 19h e pizza às 23h30, antes de dormir. E morro de preguiça de academia e de toda a logística que envolve comer frutas e verduras: ir ao supermercado ou feira dia sim dia não, escolher, comprar, deixar de molho pra tirar os agrotóxicos, descascar, fazer suco, lavar liquidificador... Tão mais fácil abrir um pacote de biscoito, né? Só que o corpo não vai aguentar a vida toda, fato.
Minha meta é me alimentar melhor - isso não inclui, no meu caso, deixar de comer todas as porcarias que eu como. Isso nem adianta planejar porque sei que não vai rolar. Mas aumentar a variedade e quantidade das frutas, verduras e legumes rola fácil. Eu gosto do sabor, trocaria um pão por uma salada sem sentir tanto, pois meu problema é pura preguiça.
E os exercícios não podem faltar, né... Academia odeio, não adianta nem tentar. Quero procurar um grupo de capoeira, que adorei fazer (apesar de ter a desenvoltura aeróbica de uma porta sanfonada), me divertia e eu sentia um resultado bem legal. Como opções paralelas, começar a correr (nunca tentei, mas pressinto que vou gostar), nadar ou dançar alguma coisa, nem que seja dança romena contemporânea (não inclui lambaeróbica e suas variações). Resumindo: alguma coisa que me divirta e seja um exercício completo.

2) Bom, é meu primeiro ano do mestrado! Queria terminá-lo com um artigo pronto e metade da dissertação já escrita. Ou com a estrutura de capítulos definida. Ou com a bibliografia já toda escolhida. Tá bom, pelo menos com todos os textos que lerei ao longo do ano fichados - isso acho que dá pra cumprir.

3) Ir mais a Recife, sempre que der, pra ficar com minha avó. Em 2011 ela completará 90 anos de idade, e tem a cabeça melhor do que a de muita gente de 20 com quem converso por aí. Ela tem muito a me ensinar, e eu vou me arrepender se não puder aprender enquanto é tempo.

5) Falar menos de redes, inputs, juros e leis e mais de inconsciente, sujeito e gozo nas reuniões de trabalho.

6) Seguir não me adaptando, estranhando, problematizando e desnaturalizando as situações colocadas para mim e ao meu redor. Seguir mudando, aprendendo, descobrindo. Nunca me acostumar com nada "pois é assim que as coisas são".

É isso, meia dúzia de decisões. Espero poder cumprir boa parte.